Uma das figuras mais interessantes no mundo dos charutos é o Epicure Sommelier. A profissão do sommelier passou a ser regulamentada no Brasil através da Lei nº 12.467 de 26 de agosto de 2011. No entanto, a lei classifica como sommelier, somente o profissional que é responsável pela compra, armazenamento, serviço e indicação de vinhos em um restaurante ou outro estabelecimento.
Apesar de ter sido regulamentada recentemente no país, a profissão é bem mais antiga e passou a ser mais reconhecida na França no final do século XVIII.
Embora as referências aos sommeliers sempre ficaram vinculadas ao serviço relacionado aos vinhos, convencionou-se que para outras especialidades a palavra viria acompanhada da definição dos outros tipos de serviço. É o caso do Beer Sommelier, por exemplo, quando o profissional atende pelos serviços relacionados à cerveja e, no mundo dos charutos, comumente ele é chamado de Epicure Sommelier.
O serviço do Epicure Sommelier, ou Sommelier de Charutos, apesar de não muito conhecido no Brasil, é muito valorizado e reconhecido na Europa e em países do Oriente Médio.
A importância deste profissional para o mundo dos charutos é tanta, que uma das atividades mais concorridas e populares do Festival del Habano todos os anos é o concurso do Habanossommelier. Habano porque é como os cubanos se referem aos seus puros e também porque o concurso é realizado pela Habanos S.A., empresa responsável pela produção e comercialização dos charutos cubanos.
O concurso Habanossommelier é composto de várias fases sendo que a primeira delas ocorre nos países onde os distribuidores promovem uma seletiva para ter o seu representante na segunda etapa em Havana, no maior festival de charutos do mundo.
No primeiro dia do Festival del Habano, há então uma primeira fase que consiste em uma prova escrita na qual os participantes testam seus conhecimentos técnicos sobre o mundo dos charutos, como especialidades de semente, regiões produtoras, processos de plantio e fabricação, bitolas, história das marcas, entre outros.
A partir daí, os competidores passam para a prova prática. Nesta etapa, eles apresentam aos jurados (foto acima) uma harmonização sugerida pelos próprios postulantes entre um charuto e uma bebida. Aqui, são avaliados os conhecimentos sobre a bebida, o charuto e marca propostos, o resultado da harmonização, o serviço da bebida e, principalmente, do acendimento e serviço do puro.
Ainda nesta fase os competidores precisam falar sobre a história de outras marcas (geralmente duas) e bitolas da seleção de charutos que está no umidor disponibilizado para a prova.
Passadas estas duas partes, três competidores são selecionados pela mesa de jurados para a finalíssima que acontece na sexta feira, dia do encerramento do Festival.
Nesta fase, uma situação é passada para o competidor para que ele sugira a bebida e o charuto. Os jurados descrevem uma situação de duas pessoas (podem ser amigos, casais, um encontro de negócios) onde elas fizeram uma refeição e desejam um charuto e uma bebida para terminar o encontro. É passado o tempo que eles tem para a degustação, o conhecimento (experiência) de cada um em relação aos charutos e ao perfil de bebidas.
Aqui novamente são avaliados o serviço do charuto, assim como o conhecimento da marca e bitola sugerida e bebida para a harmonização, tudo isso levando-se em conta o tempo de degustação, conhecimento e preferência dos supostos clientes.
Ao final desta pequena maratona, um dos três finalistas se tornará um Habanossommelier. O Brasil já teve a honra de ter vencido a competição em 2015, com Walter Saes (foto acima – assista aqui à entrevista que fizemos com Walter no ano de sua conquista).
(Devido ao alto padrão dos competidores, a cada ano alguma novidade é acrescentada à prova afim de exigir mais dos participantes e colocá-los em contato com alguma situação nova. No ano de 2017, uma degustação às cegas de destilados foi incorporada à competição e os profissionais tinham de falar qual bebida, ano e marca dos cinco destilados propostos)