O XIX Festival del Habano se aproxima em meio à polêmica com a marca Vegas Robaina

O Festival del Habano começa na próxima segunda feira, dia 27 de fevereiro, e a divulgação das marcas homeageadas no evento já está causando uma grande polêmica envolvendo a Habanos S.A. e a marca Vegas Robaina.

O desconforto teve início com a divulgação da lista de charutos que terão sua produção descontinuada pela empresa neste ano, na qual a bitola Don Alejandro, a Double Corona da marca, figura entre os deletados.

A família Robaina produz tabaco em suas terras em Cuchillas de Barbacoa, na região de Vuelta Abajo, desde 1845. Don Alejandro dedicou sua vida ao plantio do tabaco e sempre foi reconhecido por sua simplicidade e pela paixão pelos puros.

Em 1997, em reconhecimento ao seu trabalho, a Habanos S.A. criou a marca Vegas Robaina. A imagem de Alejandro inclusive estampa todas as caixas. A marca tinha cinco bitolas de produção regular; Don Alejandro (Double Corona), Únicos (Pirámide), Famosos (Corona Extras), Clássicos (Lonsdale) e Familiar (Corona). Don Alejandro passou a ser uma espécie de embaixador da empresa e viajou o mundo promovendo a cultura do charuto.

A retirada da bitola em sua homenagem soou como um desprestígio e, para alguns, um desrespeito à memória de Don Alejandro, falecido em 17 de abril de 2010. A bitola junta-se à Clássicos e Familiar que haviam sido descontinuadas em 2012, deixando somente duas bitolas em produção regular na marca. O anúncio ocorre exatamente no ano do 20º aniversário da marca.

O Festival del Habano sempre celebra estas datas para lançar novas bitolas ou anunciar alguma produção especial. Foi assim com os 80 anos de Montecristo, 50 anos de Cohiba, 20 anos da Cuaba e até mesmo os 25 anos das La Casa del Habano. Isto para citar somente as homenagens dos últimos dois anos. Em 2017, nenhuma menção à Vegas Robaina.

Alguns especialistas dizem que já há alguns anos as relações entre a Habanos S.A. e a família Robaina estão estremecidas, dadas a algumas decisões tomadas por Hirochi Robaina, neto de Alejando e atualmente homem à frente das plantações da família, de empreender na produção de tabaco fora de Cuba. Até mesmo uma nova marca de charutos foi criada por Hirochi para explorar o mercado norte americano que se utiliza de identidade visual muito similar à da Vegas Robaina.

Uma outra corrente tenta amenizar os ânimos e diz que a decisão da Habanos foi somente uma decisão comercial, visto que a produção de charutos longos e finos tem dado lugar aos curtos e grossos de acordo com tendências mundiais e adequação ao tempo que o aficionado pode dedicar à degustação em um mercado de legislação cada vez mais restritiva.

A verdade é que com somente duas bitolas a marca perde prestígio e passa a ser cada vez menos presente nas prateleiras das lojas ou nos umidores dos charuteiros. Uma pena para uma marca de uma história muito rica e que representa tanto para o mundo dos charutos.